quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

1 € de Amor (Texto escrito em Dezembro de 2012)

1€ DE AMOR

Há muito que quero recomeçar a escrever. Sobre o quê? Concretamente, não sei bem, um pouco sobre a riqueza dos acontecimentos do quotidiano, sobre os valores que me marcam e, que não me condicionam, pelo contrário, me fazem livre, me fazem ser optimista apesar dos pesares, o meu olhar de esperança continua.

A rampa de lançamento, é o amor, sempre o amor… este amor que nos move, nos entristece, que nos alegra quando tudo podia estar a correr mal, que nos comove, que nos leva a fazer disparates aos olhos do mundo, e, a concluir afinal, que valeu a pena.

No sítio onde costumo almoçar, à hora de sempre, o mesmo Senhor pede, com o mesmo entusiasmo, como fosse o primeiro dia que ali estivesse a entrar, sempre com a mesma pressa, a do amor, 1 euro de bolinhos secos. “Daqueles menina” – diz apontando., Como se ela não soubesse, esta é uma rotina de dias, semanas, meses, de anos.

Num tom de troça, também eu ontem pedi 1€, “como aquele Senhor”, acrescentei, pois hoje também me sobeja um euro na carteira, foi então que descobri o euro de amor.

O euro de bolos secos que todos os dias são pedidos pelo mesmo Senhor, à mesma hora, e com o entusiasmo da primeira vez, são para a sua mulher que está no Lar e, que tem alzeimer.

Gelei, e, simultaneamente as lágrimas queimaram de emoção, porque o amor emociona. Então aquele euro apressado, não era por pobreza, nem pela mesquinhez de querer sempre bolinhos secos do dia, como tantas vezes eu pensara.

Aquele euro, é um euro de amor, de um amor de todos os dias, de quem sabe na pele o significado de “Na saúde e na doença, até que a morte nos separe”.


Há alguém que já não se lembra de quem é ou foi, mas contínua a ter um amor que lhe leva todos os dias 1€ de bolinhos secos.

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