quinta-feira, 28 de julho de 2016

Do mundo para o mundo - FMM

Há muito que ouvia falar do Festival das Músicas do Mundo.
Longe de pensar que um dia seria eu a viver nesta cidade tão cheia, tão completa e, tão encantadora que é a cidade do Vasco da Gama - muitas foram as vezes que me convidaram a vir.
Declinei sempre. (Eu era um bocado betinha de mais e tinha preconceito - fechada num mundo.)
Desde o primeiro ano que cheguei que não há nem uma vez que falte a este Festival.
Enche-me o coração desde o primeiro dia, gosto de acompanhar a chegada dos festivaleiros que se misturam entre as minhas gentes.
A sua chegada e olhar surpreso perante a novidade da cidade, bem como o acolhimento dos sineenses que recebem a todos com um sorriso e de peito aberto, recorda-me sempre também a minha chegada a esta cidade.
Esta excelente foto do Telmo Macarrão ilustra bem o que é este tempo de festival, gente de fato e gravata, os rastafari como lhes chamo, negros, brancos, amarelos e muitos sorrisos e uma luz que não se apaga por nada.
Na mochila que cada um levará no regresso ao seu mundo, a certeza que tudo o que viveram aqui, levarão consigo, o mar, a boa música, a paz, a alegria...e tanto mais que só a memória do coração guarda.






terça-feira, 26 de julho de 2016

Uma ida ao SEF

Foi na passada 5ª feira que acompanhei um casal a renovar o seu visto.
Nascidos na década de 90, uns miúdos com responsabilidades e pesos de gente grande.
Ele assustado com um portefólio de micas tremia assustado, aquando a máquina téunéun e apareceu no ecrã D06.
Era a mesma senhora que lhes havia vedado a última renovação.
Nós mulheres somos mais afoitas e, nisto, num tom mordaz adocicado e provocador, a sua esposa, dizia à tal senhora, segui o teu conselho, já estou esperando bebé.
A tal senhora tinha uma aspereza contida, avento que não deve ser feliz ali, um dia inteiro sentada numa secretária de 50 centímetros, com gente por todos os cantos a implorar por um papel.
Eu ia assistindo num optimismo destemido, tentei acalmar cada um, e repetia muitas vezes, para eles e para mim, vai correr tudo bem, enquanto procurava o atestado da Junta de Freguesia.
Comecei a pensar naquela mulher, percebi que pelos traços dos lábios, dos olhos e do cabelo que, também as suas origens não deveriam ser ali de Carnide ou Alfama, apesar de o facto de estar do outro lado da secretária lhe dar um poderio do caraças.
Pensei que deveria ser uma mulher de coração endurecido e, sem pensar muito, perguntei: "Como se chama?"
- "Luz". respondeu ela.
LUZ?!!!!!! - Eu estava maravilhada! Esbocei um sorriso rasgado e disse - eu também.
E numa cumplicidade de luz a partir de então, o trato, tornou-se fácil, muito fácil.
Só faltou mesmo dar-lhe o endereço do blogue, gostava mesmo que lesse este post.
Como pequenos gestos de diferença podem terminar com as atitudes de indiferença.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

A chave do impossível

Cada um tem inscrito no seu coração os seus impossíveis - esse cofre forte, fechado com um cadeado contém trabalhos, desportos, amores, corpos, campeonatos e, tantos outros impossíveis que lhe cabem dentro.
Há um dia, que pode ser o meu saudoso 24 de Novembro ou o recente 10 de Julho ou qualquer outro dos 365 dias do ano ou 366 se o ano for bissexto, em que descobrimos a chave de todos esses impossíveis que trazemos dentro.
Como chegamos a essa chave?
Gosto de pensar nos meus treinadores (ver post), brilham mais os meus olhos se penso nos meus parceiros de viagem e nas minhas parceiras do crossfit que, comigo e, por mim, correm mais uma volta ao quarteirão - são eles e elas que me fazem olhar onde estive, o que fui, o que sou, como estou e, quem quero ser, são eles e elas que me repetem ao ouvido muitas vezes que o não consigo não existe no nosso dicionário de luz no dia-a-dia.
E esta chave que se chama a-c-r-e-d-i-t-a em ti, que, contra mil vozes de aves de mau agoiro,  abre todas as fechaduras desses cadeados - chave mestra - que trazes em ti o fecho de todos os impossíveis que afinal só existiam enquanto eu quis que morassem cá dentro.

terça-feira, 5 de julho de 2016

Deus existe, carago!

No domingo passado fui ao Porto.
E, para os mais distraídos, domingo é dia dos católicos irem à missa.
Só um parentises:
(Eu sou católica.)
Não sei qual o grau de praticante, qual a intensidade da minha fé, se da beata que incendeia com o seu cheiro a naftalina ou se sou da facção Igreja progressista que põe em estado de choque a primeira - Não gosto de rótulos ou títulos.
Eu acredito em Deus.
Eu acredito na missa - Ali é onde acontece tudo mais uma vez, é ali, que o meu Deus volta a morrer e a ressuscitar por mim, a Luz dos seus olhos - seja o padre mais cool de todos os tempos, seja aquele de óculos de fundo de garrafa e caspa.

Conta-se pelos dedos das mãos e, foram apenas e duas as vezes que, desde que me conheço como gente que faltei à Missa de Domingo.
No passado Domingo preparava-me para a terceira - Sábado na praia estava bom demais para ir embora e, no Alentejo não há missa depois das 21 horas. Ao Porto iria de boleia, assistir a um concerto entre as 17 horas e as 19 horas...
Lutei contra a condescendência comigo própria, mandei mensagens às minhas amigas católicas do Porto... ninguém me sabia dizer a que horas era a Santa Missa na Maia, quando cheguei ao local onde iria ser o concerto perguntei a pessoas que lá se encontravam... ninguém sabia nada de horários de Missa.
Decidi recorrer ao google (diocese do Porto+missas de Domingo = 0).
Foi aí que Lhe disse: "Se queres que não falte à Missa resolve..."
Ele que está sempre online disse-me, "procura pelo nome da terra onde estás"... obedecendo-Lhe assim fiz, google: (Vermoim + missa de domingo= Missas ás 8.00h e 19.00h), accionar GPS, a 15 minutos a pé do local onde me encontrava.
Às 19.00 horas lá estava eu na Igreja de Nossa Senhora do Bom Despacho.
No fim da Missa, a propósito do calor que se fazia sentir, disse o Sr.º Padre ao povo que ali se encontrava, do qual eu fazia parte: "Hoje está muito calor aqui em Vermoim, temos de aprender com os nossos irmãos alentejanos, devagar, devagarinho..."
Pensei ainda em levantar o braço, dizer que ali se encontrava orgulhosamente uma alentejana e, Deus sabia-o,...pensei de mim para mim, Deus existe, carago e gostou do meu post "A praia não foge."